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Como o dólar foi parar nas alturas e porque isso muda o jogo no Brasil

Havia esperança. No início de 2018 era possível traçar um caminho possível para a recuperação econômica. Mesmo com o grande ponto de interrogação, que é o ambiente político brasileiro, os números mostravam o início da escalada para dias melhores. A economia voltava, mesmo que lentamente, a crescer e tínhamos a expectativa de um câmbio controlado. Estávamos no jogo.

Era possível pensar em um PIB entre 2,5% e 3%. Os números eram embasados na recuperação da indústria, também no Agronegócio que seguia firme e forte. A retomada do emprego, mesmo que pequena, ajudava a consolidar a melhora.

Mas as variáveis eram muitas, não do setor produtivo, que estava fazendo a sua parte, mas sim das ações de governo que não chegaram. O resultado? Quando se começou a rastejar para sair do buraco, levamos uma rasteira.

Em primeiro lugar era preciso que a reforma da previdência se concretizasse. Engavetada, ela trouxe instabilidade institucional. Quem investe em um país com déficit de 10% do PIB? Sendo que a razão dívida já está na casa de 70%. Sem esse ajuste a economia poderia voltar a retroceder, porquê? O Brasil não seria um lugar confiável para se investir, o câmbio ficaria instável, real desvalorizado, preço das commodities contaminado e a instalação de um novo processo inflacionário. Penalidade máxima!

Como segundo elemento tivemos a greve dos caminhoneiros que concretizou a ineficiência do poder público para agir frente à crise. Segundo o Ministério da Fazenda o prejuízo para a economia foi de R$15,9 bilhões. Mais uma falta grave.

E aí, para ajudar, o terceiro elemento vem do hemisfério norte, os americanos resolveram apertar as coisas por lá, o FED aumentou a taxa de juros, então os títulos públicos ficaram mais atrativos. Os investidores tendem a retirar o dinheiro daqui e colocar lá. O que teremos? Dólar nas alturas e real minguado. Fim de jogo.

A soma dos três fatores coloca a recuperação econômica do Brasil sob ameaça. Será preciso que as eleições em outubro devolvam a confiança no país e que os futuros governantes entendam que as reformas são urgentes para interromper o declínio. É preciso mudar o jogo.