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CPC 01 – Teste de Impairment – O que é, para que serve e como testar? (Parte 2)

Continuando sobre o entendimento dessa norma, iniciado na parte 1, o foco agora é como são as práticas mais aceitas desse teste.

Quando mencionamos as práticas mais aceitas, queremos nos referir àquelas que são usualmente aceitas pelas empresas de auditoria independente, e que seguem aquilo que foi estabelecido pelo CPC. A preocupação crucial se refere a rastreabilidade ou de evidenciação das fontes de informação.

TESTE IMPAIRMENT2No caso do valor líquido de despesa de venda, que é o valor a ser obtido pela venda de um ativo ou de uma UGC (Unidade Geradora de Caixa) em uma transação em bases comutativas, entre partes conhecedoras e interessadas, menos as despesas estimadas de venda, conforme já explicamos anteriormente, como fazer para se obter esse valor? Faço uma cotação? Procuro nos classificados ou sites especializados em vendas de ativos ou de empresas? Uso múltiplos de transações comparáveis?Os métodos mais utilizados e aceitos devem estar fundamentados nas melhores evidências disponíveis, que são:
•    Preço de um contrato de venda firme. Onde eu tenho uma ou mais propostas reais de aquisição de um determinado ativo ou UGC. Por exemplo, a sua empresa recebeu uma proposta de compra de uma linha de produção específica. Essa proposta tem que ser formal. Para evidenciar o interesse e o valor de mercado que o ativo possui.
•    Mercado ativo (preço atual de cotação/os itens são transacionados no mercado). Nesse caso as cotações devem ser bem específicas sobre o ativo, inclusive sobre o atual estado do mesmo, idade de uso, conservação e valor. Aqui não cabe a UGC se essa for composta por mais do que ativos que sejam transacionados em mercado.
•    Melhor estimativa disponível (Laudo). Que deve seguir normas específicas da ABNT, é realizada uma reavaliação dos ativos com cotações bem específicas, ativo a ativo, e calculado a vida útil remanescente e consequentemente o valor útil de cada ativo. Esse laudo pode ser feito internamente, desde que exista uma equipe técnica responsável, com engenheiro, ou como normalmente acontece, empresas de consultorias especializadas nesse tipo de avaliação emitem laudos técnicos.Os custos para a venda, excluindo custos financeiros e despesa de imposto de renda e custos já reconhecidos como passivo, são deduzidos do valor justo encontrado. Geralmente são compostos de tributos, fretes, despesas legais, comissionamento ou qualquer despesa incremental necessária para que o ativo fique em condição de venda.No caso do valor em uso, que é o valor presente dos fluxos de caixa futuros estimados que devem resultar do uso de um ativo ou de uma UGC (uso contínuo e venda estimada), as projeções do cenário para que tenhamos o fluxo de caixa descontado alguns elementos devem ser considerados:
•    As entradas e saídas de caixa devem ser específicas ao ativo/UGC.
•    O valor do dinheiro no tempo deve estar devidamente refletido na taxa de desconto utilizada inclusive com a incerteza inerente ao ativo incorporada nesta, as expectativas sobre possíveis variações no montante ou na ocasião desses fluxos de caixa futuros e até mesmo outros fatores (como falta de liquidez).Outras orientações, consideradas de boa prática, são:

•    Premissas razoáveis e fundamentadas que refletem a melhor estimativa por parte da administração;
•    Projeções financeiras recentes (budgets/forecasts) aprovadas pela administração (excluindo reestruturações futuras e dispêndios para investimento para aumento do desempenho da empresa);
•    Período de projeção fundamentado no ativo essencial para a UGC com maior vida útil; reposição dos ativos com vidas menores refletidas nos custos de serviços projetados.

Levando em consideração esses vetores, devemos elaboras as projeções de DRE e fluxo de caixa, incluindo necessidade de capital de giro operacional. Além do cálculo da taxa de desconto que reflita todo o risco do segmento do ativo específico, a qual será utilizada para desconto das projeções mencionadas. A taxa mais comumente utilizada é o WACC, que seria a sigla em inglês para custo médio ponderado de capital, onde há uma mescla de custos de capital próprio e de terceiros (como bancos por exemplo), onde estão inseridos os riscos de segmento, do país, as diferenças inflacionárias e etc.

O documento que dá suporte ao cálculo do valor em uso é um relatório que pode ser interno, se houver equipe técnica capaz, ou de empresa de consultoria especialmente contratada para esse fim. De qualquer modo o relatório deverá detalhar todas as informações que geraram as projeções e os cálculos, a metodologia utilizada e as memórias de cálculo.

Reforçamos que a Valuup Consultoria é uma empresa que realiza e auxilia seus clientes nesse tipo de teste. Porém, sendo cliente da Valuup ou não, sugerimos que não espere o final do ano fiscal para a realização do teste. A grande maioria das empresas deixa para última hora, o que acarreta estresse, correria, imprecisão na análise dos dados, resultados e impactos inesperados. Visto que nesta época ocorre o encerramento do ano fiscal, a publicação de balanços e auditoria.

Existe ainda a questão de ajustes e testes de valor recuperável em investimentos realizados em outras empresas, principalmente as que na aquisição houve o registro contábil de ágio (goodwill), para o qual se deve utilizar o Fair Value (ou valor justo) desse investimento. Esse é um tema que abordaremos futuramente, assim como a própria forma de apropriação contábil do Goodwill denominada PPA (Purchase Price Allocation – alocação do preço pago).

Escrito por  André Luis do Nascimento