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Dois cenários para o futuro da economia no Brasil

A pandemia, causada pela COVID-19, encontrou a economia brasileira frágil, ensaiando os primeiros passos para a retomada depois de seis anos de crise. Não se esperava outra coisa que não uma queda livre da produção, do consumo e aumento generalizado do desemprego. Mas os últimos acontecimentos políticos no país provaram que o cenário pode ser ainda pior.

É possível visualizar dois cenários, um pessimista e outro muito pessimista. Vamos começar pelo pior.

Cenário1: muito pessimista

O pior dos cenários projetados para o Brasil para os próximos meses inclui a piora da crise política, somada à instabilidade econômica e ao avanço da pandemia. A união dos três fatores custaria alto para a sociedade brasileira. Quais fatos poderiam determinar esse cenário catastrófico?

  • A saída de Paulo Guedes do governo, uma troca de comando no Banco Central e a interferência política de militares na condução da economia;
  • A apresentação de mais evidências, pelo ex-ministro Sergio Moro, de interferências políticas do presidente nas investigações da Polícia Federal;
  • A Procuradoria Geral da República (PGR) oferecer denúncia ao Judiciário, e esse processo, encaminhado pela corte, ser aceito no Congresso;
  • O avanço do Plano Pró-Brasil, com Rogério Marinho, mas sem uma pauta consistente de reforma que garanta a solvência do Estado brasileiro;
  • O avanço do contágio por coronavírus, com aumento de internações e mortes acima do projetado;
  • O pico da pandemia se prolongar até junho.

Diante desses fatos, imaginam-se uma recessão intensa, profunda e longa (em W), uma queda abrupta do PIB e um dólar alto. Veremos também pressão na curva de juros de curto e médio prazos. Podemos, inclusive, ser ver o aumento da taxa Selic.

O resultado de tudo será a redução do crédito ao consumo de bens semiduráveis (eletrodomésticos, roupas) e financiamento (bens de capital e imóveis).

Cenário2: pessimista

Para esse cenário, um pouco menos pessimista, enxerga-se o Brasil ainda com piora na crise política, no entanto, com estabilidade econômica e sem avanço dos estímulos fiscais, vislumbrando também o controle da pandemia. Para que essa realidade prospere, seria necessário:

  • Paulo Guedes permanecer no governo e manter comando do Banco Central;
  • PGR conseguir reduzir a interferência política dos militares na economia;
  • A apresentação de mais evidências pelo ex-ministro, Sergio Moro, de interferências política do presidente nas investigações da Polícia Federal;
  • A Procuradoria Geral da República (PGR) oferecer denúncia ao Judiciário, e esse processo, encaminhado pela corte, ser aceito no Congresso;
  • Plano Pró-Brasil não avançar sem uma pauta consistente de reforma que garanta a solvência do Estado brasileiro;
  • Em relação ao coronavírus, avanço no número de internações e mortes igual ao projetado.
  • Pico da pandemia acontecer em abril e início de maio.

Neste caso teremos uma recessão daria profunda e longa (em U). Também com queda do PIB, ainda que um pouco menor. Haveria pressão na curva de juros de longo prazo. O dólar se manteria alto. A taxa Selic se manteria como no cenário anterior, podendo subir para conter o câmbio. Ainda assim, veríamos a redução do crédito ao consumo de bens semiduráveis (eletrodomésticos, roupas) e financiamento (bens de capital e imóveis).

Não haverá como fugir da crise que já está instalada, entretanto, o que se espera é que fatores políticos não venham causar ainda mais sofrimento a uma economia duramente fragilizada.