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Aquisição do Twitter: quanto vale o controle de uma empresa?

No mercado financeiro, as últimas semanas foram marcadas pelas discussões acerca da tentativa de aquisição hostil¹ do controle acionário do Twitter por Elon Musk, o homem mais rico do mundo. A despeito das convicções políticas e ideológicas que envolvem a questão, vamos nos ater ao aspecto econômico-financeiro concernente ao evento.

Desde o início da investida de Musk, em 1º de abril, as ações do Twitter apresentaram alta de quase 40%, antes da suspensão da transação. Essa alta nas ações reflete a expectativa do mercado em relação ao futuro da empresa com a possível nova gestão.

A ocasião se faz propícia para o importante debate há muito presente no campo das finanças corporativas, o valor do controle.

De acordo com Aswath Damodaran, professor da Universidade de Nova York e maior referência mundial em valuation, a ideia de valor do controle existe em razão da crença de que alguém operaria a empresa diferentemente da maneira como é feita pelo management atual.

Isso pode ser observado claramente no caso do Twitter.  Desde sua oferta pública inicial (IPO), a empresa vem apresentando dificuldades em realizar as projeções de resultado incorporadas em seu valor de mercado e vem entregando receita e margens inferiores a de outras empresas comparáveis como, por exemplo, o Facebook.

Em 10 de abril, Musk ofereceu um valor de US$ 54,20 por ação para comprar o Twitter, um prêmio de 38% em relação ao preço a que era negociado em 1º de abril. Ainda assim, alguns acionistas reclamaram que a proposta estava muito abaixo do valor intrínseco da empresa, ao que o investidor respondeu com uma pergunta: A atual administração conseguirá entregar esse valor?

Algebricamente, o valor do controle é expresso como a diferença entre o valor da empresa com a administração atual (valor de status quo) e o valor da empresa com uma administração ótima (valor ótimo da empresa).

Existem diversas manifestações que podem indicar o não atingimento do valor ótimo da empresa. Essas manifestações estão principalmente relacionadas a níveis não ótimos de endividamento e reinvestimento, a um alto custo da dívida, margens inferiores a de empresas comparáveis, excesso de caixa, entre outras.

Desse modo, para atingir o máximo possível do valor ótimo do negócio, a administração deve tomar as decisões mais adequadas a respeito de três aspectos:

  1. Como investir os recursos disponíveis;
  2. Como financiar esses investimentos buscando uma estrutura ótima de capital;
  3. Quanto do caixa devolver aos acionistas na forma de dividendos ou recompra de ações.

No caso do Twitter, uma das principais mudanças propostas por Musk, caso a tomada de controle se concretize, é o fechamento de capital, segundo ele, para que a empresa possa focar nos resultados sustentáveis de longo prazo e não seja pressionada pelo mercado a buscar bons resultados apenas no curto em detrimento do longo prazo. Assim, a possível nova administração buscará realizar mudanças operacionais a fim de monetizar melhor a grande base de usuários e realizar investimentos de maneira mais efetiva após a sequência de projetos fracassados, que despenderam muito em termos de recursos de engenharia

Nota:

1 A aquisição hostil ocorre quando uma empresa de capital aberto é adquirida através da compra de ações em bolsa de valores sem o consenso do conselho de administração.