Skip links

O Hedge e a Especulação

A ideia de hedge é simples: se uma empresa ou investidor possui um ativo que pode sofrer variações em seu preço, esta ou este pode utilizar outro ativo para minimizar o risco com tais oscilações. Esse recurso é amplamente utilizado para reduzir riscos em operações empresariais, garantindo a estabilidade das operações financeiras, minimizando possíveis perdas.

Exemplificando: se uma grande multinacional possui diversos contratos de câmbio para pagar, todos em moeda estrangeira (USD), esses contratos sofrem variações em seu valor, ocasionadas pela oscilação do dólar. Enquanto seus recebíveis estão dolarizados, não há problemas; porém, quando são convertidos para a moeda local, a empresa possui uma exposição cambial flutuante, o que resulta em uma dívida que está o tempo todo variando. Para proteger seu patrimônio e investimentos, ela realiza uma operação em moeda estrangeira (como contratos de derivativos), o que, por fim, acaba mantendo fixo o valor da dívida em sua moeda local.

Existe uma série de estratégias de hedge que podem ser utilizadas, dentre elas estão:

  • Opções de compra e venda;
  • Fundos de índices (ETF);
  • Swap cambial;
  • Contratos futuros.

A mais comum é a utilização de contratos futuros. Nesse caso, o investidor adquire um contrato que estabelece o preço de determinado ativo para uma data futura; assim, se o preço do ativo cair, o investidor tem garantido o valor do contrato.

Porém, em alguns casos, o hedge acaba sendo deixado de lado, tendo seu lugar tomado pela especulação – a qual pode provocar prejuízos insustentáveis para seus detentores, causando graves crises de crédito e de confiança.

O caso mais famoso de uma operação de hedge que, por fim, acabou sendo substituída por especulação, é o caso Sadia. O fato ocorreu em 2008 quando a empresa brasileira, na época, uma das maiores produtoras de alimentos do Brasil, perdeu aproximadamente R$ 2,5 bilhões em operações de derivativos cambiais.

A empresa utilizou os contratos de swap cambial não para sua proteção, mas sim para obter lucros com a variação cambial. No entanto, quando a moeda americana subiu além do que estava sendo esperado pelos gestores da empresa, ocorreu um grande prejuízo financeiro; afora a perda de valor de mercado, houve abalo da reputação. A empresa teve que fazer uma série de ajustes em sua gestão financeira, incluindo ajustes na política de hedge e maior transparência.

O uso inadequado do mercado de derivativos pode levar a grandes perdas e à desvalorização das empresas envolvidas, o que nos leva à conclusão de que elas precisam adotar uma política de gestão de riscos bem estruturada e transparente, com CFO´s que tenham muito conhecimento sobre mercado financeiro e seus produtos, tendo o intuito de tomar decisões conscientes sobre suas operações de hedge.

A estrutura financeira da corporação é extremamente importante para a realização de uma operação de hedge saudável. Ter uma controladoria responsável por planejar, executar, controlar e monitorar as atividades financeiras e contábeis, garantindo informações precisas e atualizadas para a tomada de decisão correta é indispensável. Além dos corretos lançamentos após as operações, os quais são sempre muito complexos, requerendo a orientação de um profissional qualificado, o que garante um balanço preciso e uma DRE demonstrando o real lucro ou prejuízo do exercício.