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Eleições, Guerra da Ucrânia e os impactos nas Finanças Corporativas em 2022

Esse tema tem gerado inúmeras reflexões de diversos especialistas. Aventurar-me em emitir uma opinião poderá ser uma tarefa dura e ingrata perante tantos argumentos de autoridades no assunto já apresentados. Para tanto, vou partir do evento que tive a honra de mediar, na semana passada, promovido pelo IBEF PR. Os convidados foram: Rogério Schmitt, doutor em Ciências Políticas e consultor da Empower, e Álvaro Bandeira, economista-chefe do Banco Modal. Do debate, muito técnico e com grande profundidade, extraí algumas observações que são fruto das conversas do evento.

O “fim” da pandemia de COVID-19 e a reduzida preocupação com a variante Ômicron davam uma ponta de esperança na manutenção da retomada da atividade econômica do Brasil e do mundo. Contudo, em 2022, teremos eleições para presidente da República, e os dois candidatos à frente nas pesquisas carecem de apoio amplo da população que, de fato, esperava uma terceira via. A não concretização dessa terceira via leva as eleições para uma possível polarização de candidaturas.

Não bastasse a expectativa do pleito, que gera incerteza, a deflagração da Guerra da Ucrânia também aumentou as tensões internacionais, causando impactos nos preços das commodities, a falta de produtos, além de uma crise humanitária na Europa.

  • Eleições

Parece haver um consenso de que as eleições polarizadas não beneficiam o país. Conforme Rogério Schmitt observou, “é a primeira vez que teremos uma eleição onde um ex-presidente irá concorrer!”

De um lado, o governo Bolsonaro vem de desgastes políticos; do outro, o ex-presidente Lula tem como sobra um passado envolto em temas de corrupção. Afirmar que será o vencedor, nessa altura do campeonato, parece precipitado. Mas os dois lados precisarão compor fortemente com os partidos de centro, seja pela baixa popularidade do presidente Bolsonaro, seja porque o Partido dos Trabalhadores (PT) será o menor PT da história recente do país.

Caso Bolsonaro seja reeleito, espera-se que as reformas micro continuem ocorrendo, como já vêm sendo feitas nos últimos anos. Para o governo do ex-presidente Lula, poder-se-ia esperar reformas mais macros. De todo modo, o ambiente é incerto; segundo Schmitt, devemos ficar atentos às movimentações partidárias que ocorrerão até o dia 1º de abril (quando os candidatos poderão trocar de partido, sem perder o mandato), pois estas nos darão importantes “pistas”.

  • Economia

O cenário evidente é de inflação mundial. Os preços das commodities já vinham pressionados desde 2020-21, e a Guerra da Ucrânia agravou ainda mais esse cenário. O preço do petróleo, dos fertilizantes e dos grãos aumentou, principalmente, devido aos impasses Rússia-Ucrânia. No IPCA de fevereiro, atingimos 1,01% de inflação!

Se a inflação é mundial, da mesma forma é mundial o aumento das taxas básicas de juros, lembra Álvaro Bandeira. A aposta era que os juros de 10,75% batessem na casa dos 12,00%. No dia 17 de março de 2022, o COPOM (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa de juros para 12,75%. Bandeira alertou, na ocasião, que haveria possibilidades de taxa superior a 13% (boa previsão!), o que, de fato, tem sido revisto pelo mercado financeiro.

Com juros altos, há prejuízo para o funding das empresas, o que pode prejudicar os investimentos privados em 2022. Bandeira lembrou que, em momentos como esse, surgem grandes possibilidades, todavia acompanhada de grandes riscos.

  • Uma bússola

Em meio a tantas incertezas, o que fazer com as finanças empresariais? Proteger o caixa novamente? Foi o que o empresário fez nos últimos dois anos. Adiar investimentos? Acredito que a palavra certa é: cautela. Fazer aquilo que propicia um retorno interessante, no longo prazo, e conter gastos desnecessários; isso parece sempre ser uma decisão acertada.

Em ambientes assim surgem novas oportunidades, novos negócios! As startups podem se beneficiar desse ambiente tumultuado, oferecendo novas soluções e formatos de fazer negócios. O investidor de curto prazo pode preferir a renda fixa, mas sabendo que a bolsa está barata. O empresário pode usar o caixa gerado, principalmente se oriundo de atividades ligadas àquelas beneficiadas pelos aumentos de preços, para fazer investimentos consistentes ou, ainda, adquirir outros negócios, aproveitando o aumento das taxas de juros e a redução do valor das empresas.

De todo o modo, 2022 será um ano bastante desafiador! Mais um…