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Número de Recuperações Judiciais caem em 2021. O que esperar para 2022?

No começo da pandemia, falava-se de boom de pedidos, o que não aconteceu. Agora se fala que as medidas utilizadas surtiram efeito. A moral da história é que a Serasa Experian divulgou os dados de insolvência consolidados de 2021 e, analisando-se os dados disponibilizados, o número de Recuperações Judiciais deferidas nesse ano foi o menor nos últimos seis anos conforme gráfico 1 a seguir:

Hoje é perceptível por todos que muitas empresas, principalmente os pequenos negócios, simplesmente fecharam as portas. Porém, para entendermos melhor o que está ocorrendo atualmente no cenário da insolvência, é importante olharmos para crises passadas.

Ao observarmos o número de Recuperações Judiciais deferidas no ano de 2014, por exemplo, ano de início da crise econômica, percebemos que ocorreu uma menor quantidade de deferimentos do que em 2013. Apenas em 2015 esse número aumentou, tendo seu ápice em 2016, com 1.514 RJs deferidas.

Levando a reflexão mais a fundo, ao sistema de crédito, em 2014 a alta inflação e a falta de crédito casada com altas taxas de juros eram marcantes, assim como os indicadores macroeconômicos e sua correlação com o número de Recuperações Judiciais deferidas; valendo a digressão de que a taxa básica de juros da economia (Selic) é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação, influenciando todas as taxas de juros do país, como as de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras. Quando cruzadas as séries históricas da taxa Selic e o número de RJs abertas entre tamanho de empresas, encontramos o gráfico 2 a seguir:

O cálculo da correção mostra uma correlação positiva entre a taxa Selic e o número de Recuperações Judiciais Deferidas, sendo que, caso a empresa seja de porte médio ou grande, essa correlação se mostra ainda mais forte.

Ou seja, caso a Selic suba, o número de RJs subirá também, influenciado precificação do mercado dos juros de longo prazo, aumentando as taxas de juros dos empréstimos e financiamentos.

Não é possível aferir uma estimativa precisa no número de Recuperações Judicias neste ano; porém, o que se pode afirmar é que a alta dos juros de longo prazo vai pressionar despesas financeiras das empresas, podendo acarretar uma elevação nos pedidos de RJ no ano de 2022 e 2023, se comparados aos anos de 2020 e 2021.