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Crise hídrica e impacto no PIB

A crise hídrica desponta como uma das principais ameaças à retomada da economia brasileira. O gráfico 1 destaca a forte correlação entre a atividade econômica e o consumo de energia elétrica no período do primeiro trimestre de 2000 ao segundo trimestre de 2021, na economia brasileira.

Fontes: IBGE, Eletrobras e TM3 Asset.

O racionamento de energia durante a crise hídrica de 2001 teve início no 2º trimestre com limite no consumo das famílias. Na sequência, indústria e comércio reduziram suas demandas. De fato, durante o período mais crítico do racionamento, o consumo total de GW/h no 3º trimestre, em relação ao período imediatamente anterior, caiu 18,85%, e o PIB, dessazonalizado, sofreu uma retração de 0,50%. Nesse período, 90% da matriz energética dependia de geração hidrelétrica e 10% das térmicas. Para o ano de 2001, a crise chegou a impactar negativamente cerca de 2,50 pontos percentuais de PIB, com maior impacto negativo na indústria, sendo que o consumo total de energia caiu 20%. Mesmo com essa perda forte de dinamismo econômico, o PIB fechou o ano em 1,39%, com a indústria caindo 0,64%

Atualmente, temos uma matriz energética menos dependente das hidrelétricas (70%) e um sistema mais eficiente nas trocas energéticas, fornecendo uma maior estabilidade no Sistema Integrado Nacional (SIN). Contudo, os efeitos mais agudos do La Niña registram índices pluviométricos extremamente baixos na série histórica, que poderão gerar racionamento e redução no consumo de cerca de 10%. Nesse caso, o impacto negativo na atividade econômica poderá ser de uma perda anualizada de 1,25 pontos do PIB.

Como consequência, no início do mês de setembro, o Ministério de Minas e Energia (MME) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciaram a criação da bandeira tarifária da “escassez hídrica”, com um valor da taxa adicional cobrada nas contas de luz, passando de R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kwh) para R$ 14,20. Essa nova tarifa irá vigorar até 30 de abril de 2022, gerando um aumento de 49,63% na quantia cobrada na bandeira vermelha nível 2. O objetivo principal é reduzir o consumo e evitar o racionamento forçado e uma retração mais severa da atividade econômica. Contudo, as projeções de inflação (IPCA) para 2021 estão sendo ajustadas em torno de 8,5% com maior pressão sobre as expectativas do IPCA para 2022.